Acampamento Comemorativo dos 75 anos
ACAMPAMENTO COMEMORATIVO DOS 75 ANOS DO CCL
Duas maneiras de ver e sentir: O Institucional e O Jovem

Breve notícia sobre o Acampamento Desportivo

Subordinado ao tema “A Festa do Campismo e do Desporto para Todos”, realizou-se, no Jardim Municipal de Oeiras, de 27 de abril a 1 de Maio, o Acampamento Desportivo comemorativo das Bodas de Diamante do Clube de Campismo de Lisboa.

Mais do que enumerar os inúmeros eventos e actividades que tiveram lugar, este texto, que não pode ter nunca uma visão distanciada pois resulta do envolvimento institucional e da participação da autora, tem na sua genese principalmente emoções e afectos, e pretende sobretudo ser um olhar sobre uma das actividades de maior relevo para qualquer Clube.

Este ano jubilar do CCL em que solenemente se têm vindo a comemorar e celebrar o Clube de Campismo de Lisboa, a sua memória, a sua história, a sua realidade e os desafios para o futuro, o Acampamento teve inevitavelmente um programa alargado, temporal e consequentemente programaticamente, com inúmeras praticas desportivas e culturais, desde a petanca aos jogos tradicionais, da noite de fado a um concerto dedicado às Canções de Abril, entre tantas outras, culminando com o emblemático Fogo de Campo, neste caso de Sala.

Uma palavra de louvor e agradecimento ao Conselho Directivo que concebeu e conduziu o desenvolvimento deste evento, bem como  à Rede Colaborativa que executou e possibilitou a sua realização.

A par destas actividades, dois momentos que o meu olhar captou de forma muito especial, a assinatura de um protocolo de colaboração entre o CCL e a Universidade Autónoma de Lisboa (UAL) e a apresentação de cumprimentos ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Oeiras (CMO).

A UAL, instituição privada do ensino superior mais antiga no nosso país, criada, em 1985, pela Cooperativa de Ensino Universitário (CEU), superiormente representada pelo seu Presidente, Dr. António Lencastre Bernardo, tem como objectivo primeiro a qualificação de alto nível dos seus estudantes através da sua sua formação cultural, artística, tecnológica e científica, reconheceu, assim, publicamente a importância do Clube de Campismo de Lisboa enquanto exemplo de Cidadania e Responsabilidade Social e, simultaneamente, agente do desenvolvimento social da comunidade. Normalmente e, por diversos factores, a sociedade em geral está distante do meio académico, pelo que esta aproximação se reveste da maior importância no importante papel, por um lado da UAL como difusor do conhecimento e da cultura e do CCL, por outro, expressão maior do campismo desportivo, que visa defender e  implementar a valorização do desenvolvimento socio-cultural do Património Humano que o constitui, os seus associados pertencentes a distintos sectores da sociedade.

Como sabemos,  as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia constituem territorial e institucionalmente o nosso parceiro por excelência devido ao papel capital que os parques têm no desenvolvimento das regiões. Assim, e pese embora no concelho de Oeiras o CCL não ter nenhum parque, a Câmara Municipal, com um claro entendimento da importância do CCL, não hesitou em ceder um dos locais mais emblemáticos desta aprazível Vila, o Jardim Municipal, para a realização deste Acampamento. Sobre este deleitoso espaço, antigas quintas de lazer e utilizado, em meados do século XX, como parque de campismo, apenas um conselho a quem não conhece, é um local a visitar. A apresentação de cumprimentos, por um grande número de campistas, ao Dr. Carlos Vistas, Presidente da CMO, foi mais um dos momentos históricos deste Acampamento. O Presidente da Câmara, acompanhado pelo  Vice-Presidente, Dr. Carlos Morgado, que esteve presente na sessão de abertura, para além de ter saudado o CCL, bem como a comemoração do seu 75º aniversário, fez uma apresentação do concelho a que preside e que é um dos mais ricos e desenvolvidos da Peninsula Ibérica, constituindo um polo económico autónomo onde estão localizadas inúmeras multinacionais e de grande dinamismo empresarial. Os presentes tiveram também o privilégio de serem recebidos no gabinete do Presidente, nos Paços do Concelho, onde está exposto o famoso quadro e única representação conhecida do  Marquês de Pombal estudando a reconstrução da cidade de Lisboa e expulsando os jesuitas, óleo sobre tela, datado de 1767, da autoria dos pintores franceses Claude Joseph Vernet (Avignon, 1714 – Paris, 1789) e Louis van Loo (Toulon, 1707 – Paris, 1771). Durante o Acampamento, os participantes tiveram oportunidade de fazerem uma visita guiada ao notável Palácio do Marquês Pombal cuja construção data de meados do século XVIII e foi obra do arquitecto húngaro Carlos Mardel, um dos principais responsáveis pela reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1755. Esta visita terminou brindando com o vinho licoroso de grande qualidade e tradição “Carcavelos”, cuja produção, em boa hora, foi recuperada pela CMO.

A emoção da sessão de encerramento, enquadrada por um dos mais bonitos locais do Jardim e o arrear das dezenas de bandeiras dos clubes presentes foi ultrapassada porque aprendi no Campismo a despedir-me com um “até à vista” e porque também eu tenho a certeza que “O mesmo ideal que nos juntou, e também nos soube unir, o mesmo ideal que nos juntou, nos fará reunir”.
 
Neste breve olhar pelo Acampamento confirmei, mais uma vez, que o Campismo tem a magia de juntar pessoas à volta de ideiais e valores maiores, assim estejamos dispostos a isso!

Até à vista


Teresa Campos
Maio de 2016

 

Mochila Tenda e Viola


A Escola do Campismo
O clube de Campismo de Lisboa organizou o seu Acampamento comemorativo anual, no Jardim Municipal de Oeiras entre os dias 27 de Abril e 1 de Maio, para celebrar as suas Bodas de Diamante. Tudo se disse acerca desta passagem. Certo é que o pioneiro do Campismo Associativo em Portugal, com altos e baixos na sua História, hoje, é para muitos jovens, uma escola com disciplinas de cidadania, interpretação da natureza, preservação do ambiente, desporto para todos e cultura, para além do campismo puro.

Para todos quantos queiram comemorar os seus 75 anos, o Acampamento Desportivo do Clube de Campismo de Lisboa ajudou a resumir as dez lições desta Escola do Campismo.
 
Lição 1: A organização
O CCL dispõem de uma estrutura construída em décadas. O segredo é o trabalho constante reunindo massa associativa e trabalhadora; núcleos e secções nas várias modalidades de âmbito cultural e desportivo; equipamentos adquiridos e mantidos com o esforço dos sócios; e a liderança capaz de coordenar tantos meios e pessoas.

Com esta força e capacidade de resposta, o CCL foi capaz de garantir à Camara Municipal de Oeiras um evento memorável, preservando e melhorando as suas instalações no jardim municipal.
 
Lição 2: A mobilização
O momento é especial e todos, desde o início, o viveram desde as Comissões de apoio ao Conselho Diretivo, Comissões de Juventude, Secção de autocaravanismo, Secção de mototurismo, Rancho folclórico, Café Concerto, “Os Paralelos”, Secção de petanca, Secção de pedestrianismo e Secção de cicloturismo.
 
Lição 3: No terreno, a objetividade
Graças a uma boa coordenação cada sector agiu em tempo certo e podemos agrupar em dois pilares fundamentais: a começar pelas infraestruturas com o apoio do corpo técnico do clube, a secção de autocaravanismo e patrocinadores. O segundo grande pilar foi o secretariado com a competência dos profissionais administrativos que abriram caminho ao plano de atividades culturais e desportivas enriquecido pelas comissões e secções do CCL.
 
Lição 4: O bem receber
A festa estava montada e a espectativa era alta. Os participantes começaram a chegar na 4ª feira, dia 27, maioritariamente de autocaravana. Nada melhor para receber os participantes do que preparar atividades desportivas como petanca, pedestrianismo ou passeios culturais, como por exemplo, ao Palácio do Marquês de Pombal. O Acampamento ainda não começara oficialmente mas tínhamos de dar as boas vindas e proporcionar a todos os companheiros, atividades desde o primeiro ao último dia.

Apesar dos afazeres das Secções sobrava sempre tempo para conviver com os praticantes e dizer-lhes, através de um sorriso: ainda bem que vieram!
 
Lição 5: Desfrutar da Natureza
O campismo vive-se na natureza. São espaços como o jardim municipal de Oeiras – outrora um parque de campismo – que nos permitem permanecer em harmonia com o ambiente e as pessoas durante horas sem preocupações. Descansar numa tenda à sombra de uma árvore, preparar boas patuscadas respirando o ar puro ou, ao cair da noite, rodear uma fogueira cantando e rindo pela noite fora. O CCL cumpriu e o reconhecimento foi evidente.
 
Lição 6: Partilhar
Ao longo do fim-de-semana foram vários os momentos de partilha, onde o mais relevante foi, sem dúvida, em torno da fogueira artificial: o Fogo de Campo tradicional desta vez em tenda. Ali não há artistas nem atuações de primeira. O espírito é saudável e cada companheiro partilha com os outros o que de melhor sabe. Prova disso, levaram os novos campistas batizados. Para aquecer, no fim, um quentinho caldo verde e a partilha que se seguiu foi mesmo o silêncio da noite interrompido pelo comboio a passar por cima da ponte ainda o sol não nascia.
 
Lição 7: Projetar
Não só o CCL esteve em festa mas também o Campismo e o Associativismo. Em datas marcantes, são inevitáveis os balanços e a projeção para o futuro. A pensar desta forma, promoveu-se o colóquio subordinado ao tema “Campismo, a realidade”. Dirigido pela companheira Teresa Campos, Presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube e pelo companheiro Armando Gonçalves, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FCMP. Houve oportunidade de analisar a realidade do ponto de vista das várias faixas etárias, praticantes e dirigentes, ativistas associativos e empresários do ramo. As conclusões foram simples: é preciso pensar num novo paradigma, debater mais a fundo cada disciplina do campismo e rejuvenescer a massa associativa praticante. Tal como na sua fundação, o CCL deu aqui o primeiro passo, através deste debate, que se deve estender a todo o Movimento Campista.
 
Lição 8: Até à vista
Já desenlaçadas as mãos e bandeiras arreadas, chegou a hora da partida. Na memória ficam as sessões culturais aos serões desde fado, canções de abril, café-concerto ou marchas populares; assim como as partidas da sueca, gincanas ou jogos tradicionais. O próximo acampamento é ainda este mês, por isso, até à vista.
 
Lição 9: Levantar ferro
De partida de Oeiras, os próximos pontos de chegada ocupam quase todo o território de Portugal continental. É uma honra para o CCL ver partir de sorriso no rosto, tantos companheiros satisfeitos por mais um evento desportivo deste relevo.
 
Lição 10: A aprendizagem
O Clube de Campismo de Lisboa deve, de facto, assumir um papel central no Movimento Associativo/Desportivo Campista, com a humildade de quem ultrapassa as suas próprias dificuldades, decorrentes das conjunturas. Não obstante, ficou patente o trabalho que desenvolve no Desporto, na Cultura e no Recreio de tantos associados e outros praticantes de campismo. Desta massa que se faz o campismo que vem sendo demonstrada há décadas.

 


João Valente
Maio de 2016